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Mostly Music
terça-feira, agosto 19
 
Roubado do Centro de Estudo em Filosofia Americana:

A filosofia perde Michael Wrigley

O professor inglês amável, educado e inteligente das áreas da filosofia da mente e da lógica, radicado no Brasil, faleceu esta semana. Há uma década no Brasil, Michael Wrigley não foi aproveitado pelo nosso país como deveria ter sido. Agora é tarde. Não há mais como faze-lo.

Michael escreveu pouco, e o que sabia sobre Ramsey, Wittgenstein e Davidson nem sempre nos foi passado, uma vez que ainda engatinhamos em estudos desses autores e, talvez, por isso mesmo, não pudemos lhe oferecer o público que ele merecia.

Mas o fato do Brasil estar aquém de Michael Wrigley, nunca fez dele alguém que se achasse melhor que os outros. Solícito com os colegas, Michel dava informações preciosas a cada conversa, sem nunca pensar em receber qualquer coisa em troca. Atencioso com os alunos, Michael recebeu alguns dos meus orientandos, que não tinham formação filosófica, com muito carinho. Encaminhou mais que correta e frutiferamente os que já sabiam algo de filosofia. Ensinou o básico para quem precisava do básico. Falou coisas mais complexas quando, em círculos restritos, podia ser devidamente compreendido. Assim foi quando de suas participações nas reuniões da ANPOF e quando assumiu, junto com Martha Christina Martins, a coordenação do grupo de estudos em Wittgenstein na USP, a convite do professor João Virgílio, ex-orientando do professor Luís Henrique Lopes, todos eles conhecedores profundos da obra de Wittgenstein. Tal grupo vem publicando os “Cadernos Wittgenstein”, e certamente não existiria mais se não fosse pelo período em que Michael, gratuitamente e sem qualquer vínculo oficial, se deslocou de Campinas até São Paulo quase que semanalmente para fazer sobreviver o círculo de estudos, uma vez que tanto João Virgílio quanto Luís Henrique se encontravam fora do país ou com serviços para além da conta.

Michael estava há um ano preparando um livro introdutório, a meu pedido, sobre filosofia da mente. A obra ficou inacabada. Mas as idéias ali contidas mostram a genialidade de alguém que, antes de tudo, fazia da filosofia algo simples, por mais complexa que ela fosse – como de fato é.

Conhecedor profundo das teses centrais de Donald Davidson, de quem foi aluno, Michael foi um dos principais revisores do livro do professor Simon Evnine, Donald Davidson, um dos principais estudos introdutórios ao pensamento do filósofo norte-americano, na chamada “segunda fase” de sua obra. Por isso, quisera eu trazer Michael Wrigley, de toda maneira, para o GT-Pragmatismo da ANPOF. Todavia, Michael era ocupado demais, pois não priorizava demandas, atendia a todos como se não fosse o cérebro internacional e brilhante que era. Não deixava de tomar uma cerveja com os amigos. Não deixava de se engalfinhar nos problemas de lógica que seus estudos em Ramsey demandavam. Era mentalmente sagaz, corajoso, audacioso mesmo. Ao mesmo tempo, solitário. Sabia que estava sozinho. Poderia não ter ficado só, pois qualquer universidade no exterior o teria acolhido com honras. Mas ficou no Brasil. Algo nos trópicos o atraía. Talvez a idéia de que pudesse ser feliz a despeito de se estar no Terceiro Mundo – uma idéia que deveria fazer todo professor de filosofia tentar ser mais democrático sem que isso venha a significar aceitar que teses de mestrados e doutorados possam ser textos ridículos, como em geral vemos por aí. Michael ensinou lógica e tolerância, rigor com alegria. Importância sem pedantismo. É preciso mais?



Paulo Ghiraldelli Jr., Jardim Acapulco, 13 de agosto de 2003.

domingo, agosto 17
 
LUNCH
Hermano and I just came back from Meg´s house, where we ate a fabulous lunch made by Selma. Piemontese rice, shrimp, vegetables, a luscious salad... and a HUGE chocolate cake. Somebody must have told them that I like chocolate.
We got out of there full of presents: shoes, more chocolate... I am getting very spoiled, indeed.
sexta-feira, agosto 15
 
SAUDADES
Tom has complained about my disappearance: hey Laura, where are you?
Mea Culpa, I have been away from Mostly Music, and lots has happened since the last time I wrote. We had a wonderful concert series in SP, (with the participation of many friends, including Tom, Laurie Heimes, Bruno Procopio and all the boys from Camerata Quantz) and we have also been playing all around Rio.
Almost every week now we have had a musical soirée. We are now incorporating another cello (Luciano) and a new soprano (Paloma). Next sunday we will have a new harpsichordist (Clara) and a new lute player (André). So we are slowly becoming a large group...
In the meantime, as you know, Michael died. He was a wonderful friend, and I miss him enormously already. Today I found out that he left a note in his computer, leaving me his collection of Cds and music-related books. I guess I will just have to build a new CD shelf.... He also left me some money (I don´t know how much exactly). His brother Richard called me today, and I was paralyzed upon hearing his voice - just like Michael´s! he seems to be equally sweet and direct. It felt so weird to be getting in touch with his "other" life, and only after his death. Poor Richard, lost in an unknown universe, burying his brother amongst people he never even met, not understanding what people say to him....
This whole situation left me strangely affected; sad, and moved and loved. But mainly, sad. It will be fabulous to get all these new musical guests, all these sounds chosen by my friend. But I can´t quite reconcile myself to the idea that he won´t be around for us to discuss each interpretation, as we so often did.
I don´t believe in God and Heaven. But if I did, I would be wishing that the angels play beautiful music just for you, Michael.
PS: BTW, if you see Mark, send him my love.
sábado, agosto 9
 
I am so sad. My friend Michael is dead.

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